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Falta de investimento em energia limpa compromete luta contra as alterações climáticas e a pobreza

  • Novos estudos colocam em evidência uma falta de financiamento crónica que irá deixar milhares de milhões de pessoas na África Subsariana e na Ásia sem eletricidade ou cozinha limpa até 2030
  • São necessárias medidas urgentes para acelerar o investimento na energia limpa nos países em desenvolvimento por parte dos líderes globais que irão estar reunidos na COP26 a fim de garantir uma transição energética justa

VIENA, Áustria, Oct. 14, 2021 (GLOBE NEWSWIRE) — A série de investigação da Energizing Finance deste ano, desenvolvida pela Sustainable Energy for All (SEforALL) em parceria com a Climate Policy Initiative (CPI) e a Dalberg Advisors, demonstra que o mundo está a ficar perigosamente aquém do previsto no que se refere ao investimento necessário para alcançar o acesso à energia para todos até 2030 pelo sétimo ano consecutivo.

De facto, o financiamento para a eletricidade registado nos 20 países que acolhem 80% da população mundial sem eletricidade – os países de alto impacto – diminuiu 27% em 2019, o ano anterior ao aparecimento da pandemia de COVID-19. Prevê-se que as pressões económicas causadas pela COVID-19 tenham resultado em reduções ainda mais acentuadas no investimento no acesso à energia em 2020 e 2021.

Energizing Finance: Understanding the Landscape 2021, um dos dois relatórios publicados nesta série, revela que o financiamento concedido para o acesso a eletricidade residencial caiu para 12,9 mil milhões de dólares em 2019 (face a 16,1 mil milhões de dólares em 2018) nos 20 países. Este valor representa menos de um terço do investimento anual estimado de 41 mil milhões de dólares necessário a nível global para alcançar o acesso universal à eletricidade até 2030.

Entretanto, verifica-se uma enorme lacuna de financiamento para a cozinha limpa. Apesar de os combustíveis de cozinha poluidores causarem milhões de mortes prematuras todos os anos e constituírem o segundo fator que mais contribui para as alterações climáticas depois do dióxido de carbono, somente 133,5 milhões de dólares em financiamento para soluções de cozinha limpa foram registados em 2019. Este valor está francamente longe da estimativa de 4,5 mil milhões de dólares de investimento anual necessário para alcançar o acesso universal à cozinha limpa (considerando apenas os custos de fogões limpos).

Estas conclusões foram reveladas a escassas semanas da realização da COP26 em Glasgow, onde os líderes globais irão debater formas de alcançar progressos significativos na luta contra as alterações climáticas. No âmbito destes esforços, terão de encontrar formas de reduzir as emissões globais do setor energético, aumentando em simultâneo o acesso à energia nos países em desenvolvimento a fim de promover o seu desenvolvimento económico.

“Encontramo-nos num momento crítico dos debates sobre as alterações climáticas. O que está claro é que o caminho para o zero líquido só pode concretizar-se com uma transição energética justa e equitativa que ofereça acesso a energia limpa e economicamente acessível aos 759 milhões de pessoas que não têm acesso a eletricidade e aos 2,6 mil milhões de pessoas que não têm acesso a soluções de cozinha limpa”, declarou Damilola Ogunbiyi, Diretora Executiva e Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para a Energia Sustentável para Todos e Copresidente da ONU-Energia. “Isto exige recursos que mitiguem as alterações climáticas e criem novas oportunidades para impulsionar o crescimento económico e permitir que as pessoas de qualquer ponto do mundo alcancem o seu pleno desenvolvimento. A Energizing Finance apresenta dados concretos sobre os atuais compromissos de financiamento da energia e o financiamento de que os países necessitam para alcançar as metas de energia do ODS7.”

Em 2018, metade do financiamento total da eletricidade foi canalizada para combustíveis fósseis ligados à rede nos países de alto impacto, em comparação com 25% em 2019. Apesar de esta ser uma tendência positiva para o clima, o investimento registado em tecnologias não ligadas à rede e minirredes também caiu e representava apenas 0,9% do financiamento registado em eletricidade.

A Dra. Barbara Buchner, Diretora-Geral Global da CPI, que estabeleceu uma parceria com a SEforALL para o relatório Energizing Finance: Understanding the Landscape 2021, declarou: “Alcançar tanto o Acordo de Paris como o acesso universal à energia exige um investimento muito maior em energias renováveis ligadas à rede e soluções não ligadas à rede e minirredes do que tem sido registado pela Energizing Finance. Estas soluções são essenciais para ajudar os países de alto impacto a desenvolverem as suas economias sem terem de depender dos combustíveis fósseis.”

Para dar a conhecer melhor os desafios que os países de alto impacto enfrentam, a segunda publicação da série, Energizing Finance: Taking the Pulse 2021, oferece uma visão pormenorizada do volume estimado e do tipo de financiamento de que as empresas e os clientes necessitam para alcançar o acesso universal à energia tanto para a eletricidade como para a cozinha limpa até 2030 em Moçambique, no Gana e no Vietname. É também de destacar o facto de ilustrar os desafios ligados à acessibilidade económica à energia que as pessoas enfrentam nestes países e a necessidade de apoio financeiro para os consumidores, sob a forma de subsídios, por exemplo.

O relatório conclui que a disponibilização de acesso a combustíveis e tecnologias limpos, ou seja, soluções modernas de energia para cozinhar, no Gana, Moçambique e no Vietname irá custar um total de 37 a 48 mil milhões de dólares até 2030, 70% dos quais serão canalizados para os combustíveis (por exemplo, GPL, etanol e eletricidade). Um cenário mais fácil de alcançar seria um em que os três países garantissem o acesso universal a fogões melhorados por um custo total de 1,05 mil milhões de dólares até 2030.

“O Gana, Moçambique e o Vietname enfrentam desafios diferentes no que se refere a alcançar o acesso universal à eletricidade e à cozinha limpa”, afirmou Aly-Khan Jamal, Sócio da Dalberg Advisors, que estabeleceu uma parceria com a SEforALL para o relatório Energizing Finance: Taking the Pulse 2021. “Este estudo analisa em profundidade estes contextos nacionais a fim de identificar soluções que possam tornar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 uma realidade.”

Oferecer um financiamento baseado nos resultados aos responsáveis de projetos de energia e explorar políticas que facilitem o apoio aos subsídios do lado da procura e reduzam os impostos sobre os sistemas solares residenciais são algumas das várias recomendações políticas apresentadas para o Gana, Moçambique e o Vietname.

A Energizing Finance defende também uma maior inovação nos instrumentos financeiros para alcançar a escala de financiamento necessária para o acesso universal à cozinha limpa; a integração do acesso à eletricidade, o acesso à cozinha e estratégias de luta contra as alterações climáticas; e que os governos nacionais, os doadores bilaterais, as organizações filantrópicas e as instituições de financiamento do desenvolvimento aumentem os seus esforços para mobilizar capital comercial para os países da África Subsariana.

Mais conclusões-chave e recomendações dos relatórios são disponibilizadas aqui.

Notas para a imprensa

Contactos

Para mais informações sobre os relatórios ou pedidos de entrevista, queira contactar: Sherry Kennedy, Sustainable Energy for All: [email protected] / [email protected] ou +43 676 846 727 237

Acerca da Sustainable Energy for All

A Sustainable Energy for All (SEforALL) é uma organização internacional que trabalha em parceria com as Nações Unidas e os dirigentes governamentais, o setor privado, as instituições financeiras, a sociedade civil e as organizações filantrópicas para apelar a uma implementação mais rápida de medidas que visam alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 (ODS7) – acesso a energia economicamente acessível, fiável, sustentável e moderna para todos até 2030 –, em linha com o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas. A SEforALL desenvolve esforços para garantir uma transição energética limpa que não deixe ninguém para trás e ofereça novas oportunidades para que todos possam concretizar o seu potencial.

A SEforALL é liderada por Damilola Ogunbiyi, Diretora Executiva e Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para a Energia Sustentável para Todos e Copresidente da ONU-Energia. Pode segui-la no Twitter @DamilolaSDG7. Para mais informações, siga @SEforALLorg.